Centro espiritualista de Açailândia celebra o dia de São Cosme e Damião
Na oportunidade, fizeram abertura com música em honra aos santos e orixás
Questionado sobre a intolerância religiosa, bastante comentada atualmente, Tiago Leal explica que a repugnância está ligada a falta de conhecimento. (Fotos: Arquivo do Centro Espiritualista)
São Cosme e Damião são conhecidos como os santos dos milagres medicinais por causa da formação em ciências e medicina. Os gêmeos foram estudar na Síria e fizeram um grande centro de estudos e formação e tornaram-se médicos famosos por obter sucesso com tratamentos de doentes. Além disso, por sua vida religiosa, os santos ofereciam seus serviços sem pedir nada em troca.
No último fim de semana (30 de setembro), os devotos dos santos gêmeos celebraram mais uma vez sua memória e proporcionaram as crianças do bairro Barra Azul de Açailândia, uma tarde festiva e de muitas brincadeiras. Desse modo, os membros do Centro Espiritualistas Filhos do Oriente entregaram 300 brinquedos, doces, balas e algodão doce. Na oportunidade, fizeram abertura com música em honra aos santos e orixás.
De acordo com Cleiton Tiago Leal, conhecido no terreiro como Tiago D'Ogum, pai pequeno do Centro Espiritualista, umbandista há 15 anos, a festa é tradicional do terreiro faz 25 anos e sempre realiza esse tipo de comemoração ao dia de algum santo.
"Dentre nossas atividades, festejamos Iemanjá (02/02), Ogum (23/04), Santa Sara Kali e a Ciganinha Luizinha, padroeira do povo cigano. Na festa da Ciganinha a Zazuléia [Mãe de Santo do Terreiro] é cigana de origem, sendo que nesta festa contamos com a presença do pai de santo Mestre Bita do Barão de Guaré e sua comitiva da cidade de Codó-MA e em dezembro, festejam os Exús da casa, em homenagem a pomba gira, cigana moça bonita", explica Tiago Leal.
Tiago destaca ainda que o festejo de São Cosme e Damião chega a reunir de 150 a 200 crianças para as quais prestam serviços de doações e se confraternizam com um almoço. O Centro Espiritualista pertence a Cigana Zazuléia D'Oxum que vive no terreiro em Açailândia, localizado às margens da BR 010, KM 14, nº 48, no bairro Barra Azul, há mais de 30 anos.
Questionado sobre a intolerância religiosa, bastante comentada atualmente, Tiago Leal explica que a repugnância está ligada a falta de conhecimento e que muitos acreditam que o terreiro umbandista é onde se pratica a maldade. Ressalta ainda que, além de ser um lugar religioso, eles também fazem parte de uma comunidade.
"Nossa fé está condicionada ao amor universal e incondicional. Não vemos os nossos irmãos pela sua fé, cor, raça, sexualidade ou etnia, mas sim como um todo que deve ser compreendido, amado e respeitado. E percebemos isso ao ouvirmos uma pessoa que quando nos visita pela primeira vez, sempre nos diz: Nossa! Pensava que aqui só tinha cachaça, que era um lugar sujo e que vocês não ajudavam os outros!", declarou Leal.
E acrescenta que a missão da comunidade umbadista não é julgar e sim respeitar. "Respeitamos o homem em sua verdadeira essência. E da mesma forma queremos ser respeitados por batermos cabeça, firmarmos velas e usarmos branco".